quinta-feira, 18 de setembro de 2008

RECICLAGEM: Amor pelo Lixo

A maior parte do lixo que descartamos poderia ser reciclada.
Você sabia que é possível reciclar praticamente qualquer coisa? Atualmente o lixo só permanece um problema porque não damos a ele um tratamento adequado.
O Brasil demorou bastante para reciclar consideravelmente o seu lixo. Hoje a idéia trouxe muitos empregos e contribui diretamente para a riqueza e qualidade de vida no país. Além disso, grandes progressos foram feitos na ciência da reciclagem. Atualmente existem projetos para reciclar coisas que há pouco pareciam impossíveis de serem aproveitadas. Lixo, esgoto e outros viram energia e outras matérias-primas. Até mesmo o terrível lixo nuclear pode ser reciclado. Mais do que reciclar nosso lixo, é preciso mudar nosso modo de viver, produzir, consumir e por fim, descartar.
Foto: Laura Pozzana

Poema

"Quem vive com segurança não tem pressa,
não se atrasa,
não adoece,
não se engana,
não se acidenta,
é compreensivo,
é cauteloso,
é respeitado por todos,
menos pelo chefe que vive apressado."

Jogo de Sete Erros


Acidente de trabalho: construção civil é 5º em nº de casos

Apesar de não ocupar mais o primeiro lugar entre os setores econômicos com o maior número de acidentes de trabalho, a indústria da construção, no Brasil, mantém elevados índices de ocorrências. Mesmo com os esforços de governo nas três esferas que resultaram, por exemplo, na revisão das normas de segurança e de entidades de classe, o registro de ocorrências, em geral, vem crescendo em termos absolutos.
O número de acidentes de trabalho em todo o país cresceu entre 2004 e 2006, passando de 465.700 para 503.890. Os dados referentes à construção civil ficaram nesse mesmo período, em 28.875 e 31.529, respectivamente. O percentual de acidentes no setor para os dois anos é o mesmo, 6,2%. Em 2005, de um total de 499.680 ocorrências no Brasil, 29.228 (5,8%) foram na construção civil. Os números de 2007 ainda não foram divulgados.

Para o engenheiro e consultor do Ministério Público do Trabalho (MPT), Sérgio Antonio, embora a análise das estatísticas deva levar em conta o crescimento da atividade produtiva, o setor de construção é uma área que "necessita de bastante atenção".

De acordo com o consultor, no mundo inteiro, a maior causa de acidentes fatais na construção é a queda de trabalhadores e também de material sobre os funcionários. O segundo fator são os choques elétricos e o terceiro, soterramentos.

Em fevereiro deste ano, o carpinteiro Domingos Barbosa da Silva trabalhava em uma obra em Águas Claras, cidade do DF distante 20 quilômetros de Brasília, quando caiu do andaime que ajudava a montar. Segundo ele, a tábua que servia de piso quebrou e, apesar do tombo não ter ultrapassado dois metros de altura, ele torceu o tornozelo direito. Não voltou a trabalhar desde então, passando a receber o auxílio-acidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Silva já fez parte de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e orientava os companheiros como trabalhar com segurança. "Eu dava conselhos para o pessoal usar capacete, não trabalhar sem cinto de segurança quando estivesse no alto", alerta o carpinteiro, que no momento em que sofreu o acidente, não usava os devidos equipamentos de proteção individual.
Silva afirma que este foi o primeiro acidente que sofreu nos cinco anos em que trabalha em obras de construção civil. "O trabalho na construção é perigoso. Comigo nunca tinha acontecido nenhum acidente, mas sempre há algum caso", diz o carpinteiro, citando o exemplo de um companheiro que caiu do sétimo andar de um prédio após o cabo da "cadeirinha" ter se rompido.

Segundo Silva, é cada vez mais difícil encontrar uma obra em que os empregadores não forneçam os equipamentos de proteção aos trabalhadores. "Agora é lei e o técnico de segurança tem que cobrar. E se o pessoal não tiver o equipamento ideal não pode trabalhar".

O Doce amargo da Cana de açucar

Os acidentes de trabalho nas usinas de açúcar e álcool ultrapassaram os da construção civil. Os dados do Ministério da Previdência Social são de 2006 e indicam que nas usinas ocorreram 14.332 acidentes de trabalho contra 13.968 na construção civil (Folha on line, 4.5.08).

Em apenas dois setores da economia foram registrados mais de 28 mil acidentes no trabalho em um único ano! Mas, segundo os dados do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, foram cerca de 1,3 milhão de acidentes de trabalho registrados em 2006 no Brasil, e no mundo, o total chega a 270 milhões de casos, com um total de 2 milhões de mortes por ano. Em cinco anos de guerra no Iraque os E.U.A mataram 1 milhão de civis.

Apesar de matar mais do que guerra, muitas empresas preferem calar à enfrentar as causas que provocam os acidentes no trabalho. Acidentes maculam a imagem ética, de preservação do meio ambiente e respeito à vida, que muitas empresas propagam, sem possuir a "mercadoria". Acidente implica em responsabilidade, danos materiais e morais, e mexe com a parte mais sensível do corpo das empresas, o caixa.

A constatação da Previdência Social era previsível. Na Vara do Trabalho de Guanambi 90% das reclamações trabalhistas de cortadores de cana-de-açúcar das usinas de São Paulo são pedidos de indenizações por danos materiais e morais em virtude de acidentes.

Jovens saudáveis com menos de 30 anos de idade são arregimentados no sudoeste da Bahia e levados para as usinas. Quando retornam, na maioria das vezes, estão mutilados, sem dedos, mãos e parte dos pés. Os acidentes se multiplicam devido a desnutrição e a fadiga de jornadas exaustivas, de vez que o salário está atrelado à produção. Sabemos que hoje um cortador de cana produz 20% a mais do que 30 anos atrás. Para ser produtivo o homem deve trabalhar no ritmo da máquina colheitadeira.

Um estudo da Professora/doutora Maria Aparecida de Morais Silva para a revista NERA _ Núcleo de Estudos e Pesquisas para a Reforma Agrária (2006), relaciona o sofrimento e a morte dos canavieiros ao processo global de racionalização econômica. A universalização da intensificação da exploração e a flexibilização das relações de trabalho submetem os trabalhadores a situações de degradação tal que produz outras formas de sofrimento, até então insuspeitas __ afirma a pesquisadora. Assim, se o karoshi mata os trabalhadores da indústria automobilística no Japão, a birôla mata os canavieiros de exaustão, por overdose de trabalho, nas usinas do sudeste do Brasil! Karoshi, segundo apurou a pesquisadora, é uma patologia do trabalho que resulta da tolerância pelo trabalhador de práticas psicologicamente nocivas e acúmulo de fadiga crônica do corpo, derivada do excesso de trabalho, que termina com o esgotamento e a morte. Para a doutora Maria Aparecida, Karoshi e birôla são termos equivalentes para designar a patologia de uma nova doença relacionada com a produção e o trabalho.

Mas cuidado, a ociosidade constrangedora num ambiente absolutamente asséptico também pode adoecer e matar, e prova disso é o assédio moral.

As gravíssimas condições de trabalho dos cortadores de cana e as contínuas denúncias de morte no local de trabalho estão sob investigação das Organizações das Nações Unidas - ONU. Mas no fórum pode estar sendo gestada uma tese infeliz e de graves conseqüências para os trabalhadores.

Não raro tenho me deparado com sentenças judiciais que reconhecem a culpa dos operários nos acidentes de trabalho. Sorrateiramente se está tentando construir uma jurisprudência __ conjunto de decisões judiciais __ a favor da racionalização econômica, premiando a negligência, o descaso do empregador e punindo o trabalhador vítima de acidente.

A invenção não é tupiniquim, apareceu inicialmente na Espanha e foi veementemente rechaçada pelo Juiz Ramón Saez Valcarcel de Los Juzgados Penales de Madrid, que numa peça exemplar se pergunta: Por Acaso os Trabalhadores se Suicidam no Trabalho?

Diante das estatísticas estarrecedoras (14 mil acidentes em um ano!) e de tudo o que se sabe acerca das condições de trabalho no corte da cana, atribuir a culpa do acidente ao canavieiro é o mesmo que admitir que os trabalhadores estejam propositadamente se suicidando no trabalho. E o que é pior, aceitar essa tese significa contrariar todos os ensinamentos oriundos das normas de prevenção de acidentes no trabalho.

A hermenêutica, quer dizer, o sentido que atribuímos às normas de segurança no trabalho, diz que a alienação do trabalho, fruto da rotina, do automatismo, da monotonia e repetitividade dos gestos, acaba fazendo com que o trabalhador relativize e desconsidere o risco. Daí porque é necessário redobrar o dever objetivo de vigilância do empregador, prepostos e encarregados para prever e neutralizar essas situações.

É dever do empregador se antecipar às possíveis negligencias do trabalhador, às suas omissões ordinárias e aos erros a que está sujeito incorrer, dada sua habitualidade com o risco. O zelo que o trabalhador emprega na realização das tarefas cotidianas faz com que se esqueça de si mesmo e descuide da própria segurança; por isso mesmo deve estar protegido para evitar o acidente.
A Constituição Brasileira (clique aqui) elegeu a dignidade humana como paradigma do direito.
Portanto, saúde, segurança e qualidade de vida são direitos fundamentais do trabalhador. A CLT atribui ao empregador a responsabilidade de proteger o empregado física, psíquica e moralmente, porque a ele, empregador, cabe os riscos do empreendimento.

Canavieiro é, sem dúvida, a espécie animal mais ameaçado de extinção do planeta. Profissionalmente é uma categoria fadada ao desaparecimento em breve com a proibição das queimadas e a mecanização da lavoura. Recomendável a adoção de medidas oficiais de preservação da pessoa humana, criando-se um piso salarial decente e uma aposentadoria especial com os rotundos lucros que o setor vem amealhando.

Aos que pensam ir ao fórum advogar a tese da culpa dos trabalhadores nos acidentes de trabalho é bom lembrar que foi a separação entre direito e ética que resultou no positivismo "ad hitlerum" e se cometeram as piores atrocidades contra a raça humana. O ato de julgar continua invocando a preocupação em realizar justiça; toda sentença deve guardar a pretensão de ser uma sentença justa e, portanto, ética.
Fonte: www.pastoraldomigrante.com.br/Márcia Novaes Guedes - Juíza Federal do Trabalho de Guanambi/BA

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Perigo nas transfusões

Apesar do controle feito pelos bancos de sangue para evitar a contaminação por doenças transmissíveis, o risco de um paciente contrair o vírus da Aids em uma transfusão ainda é significativo no Brasil. O alerta vem de uma pesquisa realizada no hemocentro de São Paulo, que revela que o número de infecções por HIV devido a transfusões no estado é dez vezes maior do que em bancos de sangue europeus e norte-americanos.
O estudo examinou o material coletado entre 1996 e 2001 pela Fundação Pró-sangue, instituição ligada à Secretaria da Saúde de São Paulo e à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). As doações atingem uma média mensal de 15 mil bolsas, que representam cerca de 24% do sangue consumido no estado.
“Embora a prevalência do HIV nas transfusões tenha diminuído nos últimos anos em São Paulo, o risco de infecção ainda é de 15 casos por milhão, um número que não pode ser considerado baixo”, avalia a médica Ester Cerdeira Sabino, da Fundação Pró-sangue. Os resultados foram apresentados durante a 23ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe), realizada em agosto em Águas de Lindóia (SP).
A contaminação em transfusões ocorre porque há um período após a infecção pelo HIV em que o corpo do doador ainda não produziu uma quantidade de anticorpos suficiente para ser detectada pelos exames realizados nos bancos de sangue. “Com os dois testes de anticorpos feitos atualmente, essa janela imunológica é de 22 dias”, conta Sabino.
Comportamento de risco
A situação se agrava porque muitas pessoas vão aos bancos de sangue com a intenção de obter, de maneira rápida, um exame sangüíneo, como mostrou pesquisa feita com doadores da Fundação Pró-sangue. E pior: alguns desses indivíduos têm comportamento de risco e acabaram de se expor ao HIV. “Como eles querem um resultado rápido, procuram os bancos de sangue justamente no período da janela imunológica”, ressalta a médica.
A pesquisa revelou um dado que pode confirmar essa atitude: a prevalência do HIV é maior entre os chamados doadores altruístas (aqueles que vão ao hemocentro por conta própria) do que entre doadores de reposição (que doam sangue porque têm algum parente hospitalizado que necessitou de transfusão).
Para diminuir os riscos de infecção pelo HIV nas transfusões, a pesquisadora sugere a realização de um terceiro teste nas bolsas de sangue, que reduziria a janela imunológica em 11 dias. “Além disso, é preciso tornar mais eficiente a triagem clínica dos doadores e ensiná-los a não doar se tiverem dúvida com relação à sua exposição ao HIV”, acrescenta Sabino. Agora a equipe avalia quais seriam as campanhas mais adequadas para evitar a doação de sangue em caso de comportamento de risco.

Thaís Fernandes
Ciência Hoje On-line
Fonte: cienciahoje.uol.com.br